O patriarcado é uma
estrutura que se sustenta em desigualdades e opressão, se mantém pela
manutenção de privilégios concedidos aos homens em detrimento das mulheres.
Para que isso fosse possível e perpetuado, o patriarcado adotou métodos para
marcar os corpos. Ele reduziu às pessoas à suas genitálias e, a partir disto,
uma série de regras foram construídas para controlar estes corpos e determinar
hierarquias podendo ser violentamente punidos todxs aquelxs que se distanciam
destes ideais. As opressões sofridas pelas mulheres derivam destas construções
e hierarquias criadas a partir de uma norma imposta sobre o que são os gêneros
e que toma como base um princípio biológico.
A opressão racista também se
fundamentou em princípios biológicos para respaldar o racismo. A Ciência foi
extremamente usada na perpetuação de ideologias racistas que tentavam reduzir
negros e negras ao grau de sub-espécie humana, primitiva, e que parou na escala
evolutiva não alcançando o status máximo evolutivo do homem branco europeu.
Ser mulher negra no patriarcado
racista é viver as opressões ditadas sobre o seu gênero e, além destas
opressões, vivenciar o racismo como um fator potencializador, o que a coloca na
base da pirâmide social como sendo, dentre todxs as pessoas, a mais
marginalizada dentro desta estrutura, atrás da mulher branca e do homem negro
respectivamente, sendo ao menos vista como mulher. Ser uma feminista negra
é vivenciar, em todos os âmbitos de sua
vida, estas opressões, é saber que a questão racial está na frente das
opressões que sofre, visto que isto influencia nas formas com que o machismo a
atinge e, acima de tudo, saber que sua
liberdade só virá pela dupla queda obrigatória dos sistemas de opressão racista
e machista. Se ainda houver racismo, ainda haverá opressão sobre negras e
negros.
E o que pensar se esta mulher for
lésbica?l Ser lésbica negra é ter sua identidade sequestrada, apagada,
invisibilizada. O patriarcado dita que mulheres negras são animais fêmeas para
o consumo masculino e que só existem na heterossexualidade. Quando lésbicas, sua existência é negada. Uma mulher negra lésbica no patriarcado vivencia
essas opressões em todos os âmbitos de sua vida e são
vistas como uma ameaça pois são altamente subversivas pelo simples fato
de existirem - já que isto lhe é negado. Por
todos esses motivos elas correm 3 (três) vezes mais riscos e são 3 (três) vezes
mais marginalizadas por serem negras, por serem mulheres e por serem lésbicas.
A batalha feminista destas
mulheres é pelo acesso a igualdade de direitos e justiça na sociedade em que
vivem e, além disso, também poder exercer o direito de poder existir da melhor
forma possível e como são: negras lésbicas e diversas. Só a partir da tomada de
consciência de que diversas formas de opressões nos atinge de formas
diferentes, assim como trabalhá-las dentro de nossas lutas será possível, não
só para mulheres negras lésbicas, mas também para toda a diversidade de
mulheres, viver num mundo mais justo livre das violências do heteropatriarcado
racista.
Sheu Nascimento.
fonte da imagem: blkwomenart.com
Sheu Nascimento.
fonte da imagem: blkwomenart.com
6 comentários:
Sheu, parabéns pelo texto! Ótimas reflexões para nos ver e compreender no mundo em que vivemos.
Precisamos de mais pessoas assim, como você!!!
Sou sua fã!!!
beijos
^^
Obrigada, Drica. Muito bom ter você por aqui!
Parabéns preta pelo belíssimo texto, temos que esta sempre nos atualizando dessas informações e claro pessoas como você é fundamental nesse processo de construção...\oo/ Precisando divulgar conte sempre comigo!
Obrigada! Estamos juntas!
Existimos em todos os lugares, somos muitas, porém espalhadas nos sentimos poucas, ler textos assim nos empoderam, nos fortalecem sempre a continuar lutando contra essas opressões que afligem a nós e a outras. Sororidade sistas!
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